quinta-feira, 10 de setembro de 2009


Desafios do coordenador pedagógico
Mais do que resolver problemas de emergência e explicar as dificuldades de relacionamento ou
aprendizagem dos alunos, seu papel é ajudar na formação dos professores
Silvana Augusto1
Muito se tem falado sobre o papel do coordenador pedagógico. Afinal, por que ele é necessário?
Quem dera coordenar fosse simples como diz o dicionário: dispor segundo certa ordem e método;
organizar; arranjar; ligar.
O coordenador pedagógico, muito antes de ganhar esse status, já povoava o imaginário da escola
sob as mais estranhas caricaturas. Às vezes, atuava como fiscal, alguém que checava o que
ocorria em sala de aula e normatizava o que podia ou não ser feito. Pouco sabia de ensino e não
conhecia os reais problemas da sala de aula e da instituição. Obviamente, não era bem aceito na
sala dos professores como alguém confiável para compartilhar experiências.
Outra imagem recorrente desse velho coordenador é a de atendente. Sem um campo específico de
atuação, responde às emergências, apaga focos de incêndios e apazigua os ânimos de
professores, alunos e pais. Engolido pelo cotidiano, não consegue construir uma experiência no
campo pedagógico. Em ocasiões esporádicas, ele explica as causas da agressividade de uma
criança ou as dificuldades de aprendizagem de uma turma. Hoje o coordenador organiza eventos,
orienta os pais sobre a aprendizagem dos filhos e informa a comunidade sobre os feitos da escola.
Mas isso é muito pouco. Na verdade, ele se faz cada vez mais necessário porque professores e
alunos não se bastam. Além das histórias individuais que todos escrevemos, é preciso construir
histórias institucionais. É duro constatar a fragilidade de tantas escolas que montam um currículo
e uma prática efetiva durante anos e perdem tudo com a transferência ou a aposentadoria de
professores. Construir história nos torna humanos, e é de estranhar que, justamente na escola,
tantas vezes tudo recomece do zero. O coordenador eficiente centraliza as conquistas do grupo de
professores e assegura que as boas idéias tenham continuidade.
Além do que se passa dentro das quatro paredes da sala de aula, há muito mais a aprender no
convívio do coletivo - no parque, no refeitório, na rua, na comunidade.
A dinâmica nesses espaços deve ser ritmada pelo coordenador. É preciso lembrar ainda que só
quem não está em classe, imerso naquela realidade, é capaz de estranhar. E isso é ótimo! É do
estranhamento que surgem bons problemas, o que é muito mais importante do que quando as
respostas aparecem prontas.
Só assim é possível que o coordenador efetivamente forme professores (e esse é o seu papel
primordial). Ampliando a significação do dicionário, eu diria que no dia-a-dia de uma instituição
educativa é preciso:
• dispor segundo certa ordem e método as ações que colaboram
para o fortalecimento das relações entre a cultura e a escola;
• organizar o produto da reflexão dos professores, do
planejamento, dos planos de ensino e da avaliação da prática;
• arranjar as rotinas pedagógicas de acordo com os desejos e as
necessidades de todos; e
• ligar e interligar pessoas, ampliando os ambientes de
aprendizagem.
Esse é o sentido de ser um bom coordenador, não de uma instituição, mas de processos de
aprendizagem e de desenvolvimento tão complexos como os que temos nas escolas. Que os que
desejam se responsabilizar por essa importante função vejam aqui um convite para criar um estilo
de coordenar.
Gustavo Lourenção
Revista Nova Escola – edição 192 – maio de 2006
1- Silvana Augusto é formadora do Instituto Avisa Lá e professora do Instituto Superior de Ensino
Vera Cruz, em São Paulo.
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